quinta-feira, 16 de julho de 2009
sexta-feira, 10 de julho de 2009
«O Prazer e o Tédio é um dos mais arrebatadores romances de estreia publicados em Portugal na última década. Saber que o seu autor já encetou, na blogosfera, outros dois "folhetins" (As Heranças Indivisas, que se mantém a norte; e A Onda Gigante, situado no Algarve), representa uma espécie de consolo e uma nota de esperança quanto ao futuro da ficção nacional, nestes tempos em que a crise tudo parece contaminar com a sombra de nuvens negras.»
José Mário Silva. In LER, Livros e Leitores, nº 82, Julho 2009.
«Em "O Prazer e o Tédio" o autor construiu um romance como se houvesse um mundo de palavras real e idêntico ao grande oceano megalítico da sua memória. Um mundo que se agarra à verdade com a mesma certeza com que um negrilho mergulha as raízes na terra. O amor, o sexo, a melancolia, o definhamento do mundo rural, a narrativa como acto falhado; eis o romance de José Carlos Barros.»
Salvador Santos. In Postal do Algarve -- .S, Caderno de Artes.
É curioso (diz Maria Teresa) como você foi escolhendo a sua história dentro da história. Como privilegiou alguns nomes, como deixou que outros fossem desaparecendo, como seguiu caminhos que supostamente não haveria interesse em percorrer. É curioso, ainda, como abdicou da preocupação da cronologia e da descrição factual dos acontecimentos; como, enfim, compreendeu que os eventos secundários, marginais, esses de que chegamos a nem falar, são as mais das vezes os que deixaram as marcas na pele ou mais profundamente marcaram as nossas vidas. O padrinho de João Pequeno, por exemplo; o padrinho de João Pequeno dava um romance. E no entanto você deixou-o na Casa do Meio da Aldeia, junto à igreja, e decidiu seguir o afilhado até ao Brasil para me perguntar agora o que sei eu da Brasileira de Lamego.
pp. 117-118.
Acordaram agarrados um ao outro. Já era tarde da manhã. A luz entrava pela janela do quarto e a neve do dia anterior quase desaparecera da copa das árvores e das ruas. Talvez a Primavera pudesse começar; talvez o Abril, depois da neve que amaciara o tempo, e já que o Março correra sem uma ponta de vento, não trouxesse as costumadas águas mil.
p. 143.