terça-feira, 11 de agosto de 2009

Versão aumentada de um texto publicado no n.º 82 da revista Ler. Aqui.


«(…) O Prazer e o Tédio começa por ser a história de um edifício em ruínas: a Casa a Jusante da Ponte de Arame, construção antiga e saturada de memórias que Aline – uma mulher de 40 anos em luta contra o tédio que a paralisa (e mais ponto de fuga do relato do que protagonista) – não sabe se há-de reconstruir ou vender. O livro avança devagar, contemplando os esplendores naturais da bacia hidrográfica do Terva (as cumeadas, as encostas, as árvores, a luz, o rumor das águas), reflectindo sobre a passagem do tempo e o modo como as pessoas se agarram à terra, sobre essa «finíssima membrana» que separa o prazer dos seus perigos.

Então, quando parecia definir-se um certo rumo para o texto, este desvia-se, acelera e expande-se numa verdadeira saga familiar, com vários narradores, dezenas de personagens e uma hábil oscilação entre várias épocas históricas (…)»

quinta-feira, 16 de julho de 2009

No «JL -- Jornal de Letras, Artes e Ideias» (nº 1012, de 15 a 28 de Julho de 2009), entrevista de Rita Silva Freire a propósito da publicação de O Prazer e o Tédio.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

«O Prazer e o Tédio é um dos mais arrebatadores romances de estreia publicados em Portugal na última década. Saber que o seu autor já encetou, na blogosfera, outros dois "folhetins" (As Heranças Indivisas, que se mantém a norte; e A Onda Gigante, situado no Algarve), representa uma espécie de consolo e uma nota de esperança quanto ao futuro da ficção nacional, nestes tempos em que a crise tudo parece contaminar com a sombra de nuvens negras.»

José Mário Silva. In LER, Livros e Leitores, nº 82, Julho 2009.

«Em "O Prazer e o Tédio" o autor construiu um romance como se houvesse um mundo de palavras real e idêntico ao grande oceano megalítico da sua memória. Um mundo que se agarra à verdade com a mesma certeza com que um negrilho mergulha as raízes na terra. O amor, o sexo, a melancolia, o definhamento do mundo rural, a narrativa como acto falhado; eis o romance de José Carlos Barros.»

Salvador Santos. In Postal do Algarve -- .S, Caderno de Artes.

É curioso (diz Maria Teresa) como você foi escolhendo a sua história dentro da história. Como privilegiou alguns nomes, como deixou que outros fossem desaparecendo, como seguiu caminhos que supostamente não haveria interesse em percorrer. É curioso, ainda, como abdicou da preocupação da cronologia e da descrição factual dos acontecimentos; como, enfim, compreendeu que os eventos secundários, marginais, esses de que chegamos a nem falar, são as mais das vezes os que deixaram as marcas na pele ou mais profundamente marcaram as nossas vidas. O padrinho de João Pequeno, por exemplo; o padrinho de João Pequeno dava um romance. E no entanto você deixou-o na Casa do Meio da Aldeia, junto à igreja, e decidiu seguir o afilhado até ao Brasil para me perguntar agora o que sei eu da Brasileira de Lamego.

pp. 117-118.

Acordaram agarrados um ao outro. Já era tarde da manhã. A luz entrava pela janela do quarto e a neve do dia anterior quase desaparecera da copa das árvores e das ruas. Talvez a Primavera pudesse começar; talvez o Abril, depois da neve que amaciara o tempo, e já que o Março correra sem uma ponta de vento, não trouxesse as costumadas águas mil.

p. 143.

O Prazer e o Tédio


À venda nas livrarias.